Habitantes!

28 de outubro de 2009

Mal acostumados

Cena do filme Borat.


Já repararam o quanto a gente se adapta e acabamos nos acostumando com a realidade em que estamos inseridos? Isso tem o lado bom e o ruim, como o abacaxi do post anterior, mas hoje falarei da parte chata.

Na última segundona brava, a Globo exibiu o filme Borat, um longa no mínimo estranho. A primeira parte, única que consegui assistir, contava a história de um repórter de TV vindo Casaquistão, que viaja aos EUA para fazer uma reportagem sobre os hábitos dos norte-americanos. Borat, o protagonista, de repente se depara com o American Way numa estranha experiência. De um insight baseado nesse filme maluco, quero especular a respeito dessas realidades opostas e desse estranhamento que sentimos em relação ao desconhecido. Mais: quero que percebam o quanto o cotidiano passa despercebido, uma vez que estamos imersos nele.

Borat, quando chegou à America, se deparou com várias novas coisas, dentre elas uma escada rolante e um elevador. Entenderem as disparidades enfrentadas e o choque tomado pelo repórter em questão?

Agora vamos hipoteticamente imaginar esse protagonista aqui no Brasil. Como ele reagiria ao saber que aqui filhos matam os pais? Que aqui existe policiais capazes de deixar uma vítima morrer sem socorro e, além de liberar os assassinos, roubar os pertences de quem ainda agoniza no chão? Que aqui se assalta passageira de avião que morreu durante o vôo? Que bandido aqui tem armamento melhor que o da polícia? Que políticos, além de roubarem o dinheiro do povo, debocham da opinião pública e, em casos extremos, se comparam com Jesus? Que pessoas bêbadas dirigem e matam? Que não olhamos nos olhos de quem cruza o nosso caminho? Que sentimos medo uns dos outros? Que tem gente que vota em troca de favores pessoais? Que pais chamam a polícia para prender filhos viciados, que não encontram tratamento no serviço público de saúde? Que menores cometem crimes de maiores e não respondem por isso? Que alunos agridem professores durante as aulas? Que aqui se desmata e se mata apenas por dinheiro (ou por nada)?

O que mais poderia espantar o protagonista em questão? Porque a gente não se assusta com mais nada disso.

9 comentários:

Anônimo disse...

Thais, boa tarde. Excelente sua ambientação. Aconselho que você escreva mais, afinal dom não lhe falta. Eu assisti duas partes do filme em tela e quando vi minha mulher dormir, não tive dúvidas, dormi também. Mas lhe garanto que pela realidade do Cazaquistão, mostrada logo no início, Borat teria boa aclimatação cá em nossas mazelas culturais. Abraço e mais uma vez parabéns.

Anônimo disse...

olá.
a linda voltou para felicidade de todos nós.
sobre o filme. se fosse no brasil ele iria se borrá todo.
bjs do beto.

Thaís Gomes disse...

Clausewitz, sempre que posso e que me ocorrem as inspirações certas, escrevo. Fico muito feliz com seu elogio e pelo consolo de eu não ser a única a desistir de assistir o Borat! Depois de uma espiada em meu primeiro post...veio dele a principal motivação para a sequencia desse mundo aqui: minha indignação!

Beto lindo! Como eu voltei se eu nem fui embora? Na verdade eu ando meio preguiçosa....ai ai ai! Aposto que o que mais gostou foi do político de se compara a Jesus, num foi? kkkk

Beijos, amigos. Vcs aqui dão sentido a cada palavra minha!

Unknown disse...

Legal esse post!
Assisti ao filme, e também penso assim.
Mas CaZaquistão é com Z!!!!!!

Thaís Gomes disse...

Olá Karina,

Que bom que gostou o post. Não tinha me atentado para a ortografia do CaZaquistão, pq tirei a sinopse do site da globo e colei aqui. Se errei, errei junto com a Globo! http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM579321-7822-ASSISTA+AO+TRAILER+DO+FILME+BORAT,00.html

Mas valeu a dica!

Abraço

Michael disse...

Michael

Em se tratando de um cara do casaquistão, acho que ele iria achar tudo muito brando. bjos.

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Excelente o texto amiga Thaís Gomes, há muito talento nas tuas palavras e muita verdade sabiamente introduzidas que demonstram bem o quanto ainda há por fazer nesse país maravilhoso cheio de contradições. Tenho assistido pela TV ao que se passa no Rio e digo é incrivel é como se vivesse uma guerra civil mas espero que prendem esses bandidos que devem fazer a vida negra a pessoas inocentes.

Força e continua escrevendo
Beijinho

Natália disse...

Esse filme polêmico rendeu muitas publicações na internet!
Li todos os comentários...
"Se errei" Vc errou sim, querida! Talvez não junto com a Globo, mas com algum editorzinho desavisado:

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL6801-5602,00.html

Bju
Nati

Thaís Gomes disse...

Olá António! Obrigada pelas honrosas palavras e por se importar com o nosso país, já que tem muita gente aqui que não está nem aí. Você é um exemplo.

Querida Natália, se existe editores desavisados, existem blogueiros também...rsrs

Bjs