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8 de fevereiro de 2010

“Marketing dos espertos”

Tenho falado pouco sobre as relações de consumo aqui no meu mundo. Estranho até, dada a importância que atribuo a elas no meu cotidiano. Já disse e repito: temos que exaltar o que é bom e repudiar o que é ruim.

Vamos ao “marketing dos espertos”. Tudo começa muito bem: funcionários motivados, boa infra-estrutura, boa aparência, preços módicos, atendimento de qualidade e produtos impecáveis. Passada essa fase da estréia, os lucros não bastam e os proprietários querem mais. Há tanto no que economizar, mas os espertos querem lucrar com a “sacanagem”, querem o dinheiro cada vez mais fácil. Aí tudo degringola porque subestimam o poder de decisão do consumidor – e está tudo na mão dele.

Alguém pode questionar: o preço da matéria-prima ou mão-de-obra subiu! Ora, se a questão realmente é essa, repasse o aumento ao consumidor de maneira objetiva e honesta. Garanto a vocês que a concorrência fará o mesmo e o cliente não se sentirá lesado.

Subestimar a inteligência do consumidor e tentam lucrar por debaixo dos panos é caminhar ao abismo. Vamos a alguns exemplos, presenciados por mim, e que ilustram bem o que estou falando. Um caso clássico: a diminuição da quantidade das porções. Antes você ia a um restaurante e aquele seu prato predileto servia bem duas pessoas. Agora não serve mais e o preço, ou permanece o mesmo, ou sofreu aumento. Antes pedia um sanduíche que nem cabia na sua mordida; agora cabe fácil.

Acontece também a substituição por fornecedores/ingredientes mais baratos. Antes você comprava uma torta de morangos (reluzentes, suculentos e vermelhos) com chantilly; agora os morangos estão verdes e veem sobre uma grossa camada de glacê!

Já ouviram a expressão “economia porca”, não é? Pois o “marketing dos espertos” pode dar resultados, mas por pouco tempo (ou enquanto durar a sorte do proprietário). Aviso: paga-se pelo que é bom, sim. Enquanto o valor agregado for maior que o preço, o cliente não se importa em desembolsá-lo.

Outro bom exemplo são as barras de chocolate, com suas tradicionais 200g, que figuravam nos livros de receita. Pois agora são de 170g e o preço não para de aumentar. O triste, neste caso, é que todas as marcas seguiram o mesmo caminho e você acaba tendo que optar por uma delas – a não ser que consiga não comer chocolate. Mas em outros segmentos você tem a chance de prestigiar quem respeita você.

O marketing é um constante cuidado com o consumidor, é uma mistura de bom senso e respeito, coisa que exige boa vontade e dedicação. Tratar seus clientes como gostaria de ser tratado – eis minha receita.

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